Desde muito menina gostava de ouvir o que as pessoas tinham a dizer. Era bem interessante fazer descobertas do que elas pensavam, das coisas de que gostavam e das que não lhe eram muito chamativas também. Aprendi que se parasse para observar, ali haveria algo de proveitoso e intrigante, porque todos somos intrigantes em algum aspecto dessa nossa vida. Mas, como a maioria das meninas, eu não tinha muito tempo as vezes de fazer essas reflexões, devido ao fato de estar ocupada em outras tarefas que as pessoas adultas julgavam ser mais importantes. Pois bem, meninas crescem. Cresci confusa. Que coisa! E confusa ainda sou, mas quem nessa vida não é? Confuso seremos e confusos tentamos entender coisas confusas. Essa, entretanto, não é a reflexão mais importante desse texto confuso. Voltemos ao início da confusão. Anos mais tarde, aquela menina crescida, cansada de fazer o que lhe diziam ser o melhor pra ela mesma, resolveu dar um jeito naquela confusão que estava o caos da sua vida. Mudanças caóticas são as mais necessárias, diga-se de passagem. E nesse vai e vem de coisas confusas ela conheceu muitas pessoas, muitas personas. Conheceu uma artista que sabia cantar e dançar, que gostava de música e sabia criar. Conheceu uma deusa que sabia magia, que morria de alegria e da noite fazia dia. Conheceu uma bruxa, que era bem-humorada, que fazia piada e vivia apaixonada. Conheceu uma filósofa, que se sentava na mesa pra tomar café e fumar charuto com homens que gostavam de filosofar. Conheceu uma amante sem limites pra amar. Conheceu uma mãe cuidadosa, protetora e ciumenta. Conheceu também uma lutadora briguenta. Eram tantas pessoas que ela as vezes não sabia quem era, com quem falava ou quem estava ali no sofá. Mas conheceu também alguém bem diferente, e que tinha uma mente que não parava de pensar... ele era escritor, poeta e sonhador, dramático que só, apaixonado pela menina... A menina era ele e ele era ela, mas que coisa confusa! 'Como pode', ela pensava, 'uma menina ser homem ou um homem ser menina?' Mas que sorte a dela, que fez tanta amizade, e assim com vontade conheceu muita gente, gente toda essa nela; que fazia aquela Menina sonhar.
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