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Entendendo o Paganismo

Foto do escritor: P. PontesP. Pontes

Atualizado: 18 de mai. de 2020

Resumo: Esse artigo visa esclarecer o conceito de Paganismo, bem como as suas estruturas fundamentais ligadas ao aspecto religioso. Sabemos que muito se fala do Paganismo sob uma ótica retorcida e, muitas vezes, limitada por uma visão carregada de significados pejorativos, quando muito provenientes de uma compreenção que pende para uma retórica marginalizada e preconceituosa. O objetivo, frente à essas problemáticas, é trazer à luz esse conceito, de forma prática e direta. Palavras-chave: Paganismo, Politeísmo, Animismo.


INTRODUÇÃO: Para se entender o conceito de Paganismo em sua totalidade, é necessário antes, entender como e por qual motivo a palavra carrega em si o significado que à ela foi atribuído, ou seja, sua raíz etimológica. Dessa maneira, temos que dividir o termo "paganismo" nas suas duas palavras originárias: "paganum" + "ismo".

Então:

Paganum= palavra derivada do latim, que basicamente significa "camponês", "rústico", aquele que vive do campo e obtém seu sustento do meio rural.

Ismo= segundo dicionário Michaelis: "Conjunto de ideias, teorias, doutrinas, princípios ou correntes cujos nomes terminam em ismo, especialmente quando são consideradas insensatas ou pouco práticas (o termo é mais usado no plural e com sentido pejorativo). "


Fonte: http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=ismo


Sendo assim, dentro desse aspecto elucidativo, podemos dizer que o termo Paganismo refere-se à uma reunião de elementos e práticas ideológicas que conceituam uma estrutura fundamental de carárater religioso.


A ESSÊNCIA DO PAGANISMO:


Entender com precisão, sem superficialidades nem sempre é uma tarefa fácil, com o advento da escrita; da imprensa e mais tarde da internet; muitas vezes o que temos em mãos é apenas um amontoado de informações, o que é bem diferente de conhecimento!

O Paganismo em sua essência, se refere, ao conjunto de crenças e práticas devotivas, sendo que, a maioria dos povos ancestrais que habitavam a Europa eram politeístas, embora não devemos descartar as visões animistas, entre outras. Sua característica tradicionalista e ancestral preserva conhecimentos adquiridos por praticantes e estes por sua vez, são incumbidos de os transferir para as próximas gerações. Dessa maneira, o Paganismo é moldado por um povo, de acordo com sua cultura regional, folclores locais e costumes intimamente ligados à uma tribo ou grupo praticante. O Paganismo (como conceito) se originou do latim, seus primeiros praticantes tiveram suas origens nos povos europeus e assim foi disseminado para os povos asiáticos, nativos americanos, australianos e africanos. As tradições pagãs tem como principal traço uma rica mitologia ligada às suas práticas religiosas e a ausência de proselitismo. De acordo com esse conhecimento, podemos compreender que o Paganismo sofre variações de prática e formas de culto de região para região, de um povo para outro.

Vejamos abaixo, alguns exemplos de diferentes folclores pagãos representados por fantasias em variadas culturas:


Representação mitologica "YOKAINOSHIMA Espíritos do Japão", do fotógrafo Charles Freger



Representação folclórica "Selvagem do Monte Norte" Suíça, fotógrafo Charles Freger



Representação folclórica "Dança da Águia", Novo México, fotógrafo Charles Freger



POLITEÍSMO E ANIMISMO:


O Politeísmo e o Animismo estão intimamente conectados, de acordo com o historiador e escritor Yuval Noah Harari, o animismo pode ser entendido da seguinte maneira:


"A maioria dos acadêmicos concorda que as crenças animistas eram comuns entre os antigos caçadores-coletores. O animismo (de “anima”, alma ou espírito em latim) é a crença de que praticamente todo lugar, todo animal, toda planta e todo fenômeno natural tem consciência e sentimentos, e que pode se comunicar diretamente com os humanos. Desse modo, os animistas podem acreditar que a grande rocha no alto da colina tem desejos e necessidades. A rocha pode se irritar com alguma coisa que as pessoas fizerem e se alegrar com alguma outra ação. Pode advertir as pessoas ou pedir favores. Os humanos, por sua vez, podem se dirigir à rocha, para acalmá-la ou ameaçá-la. Não só a rocha, mas também o carvalho ao pé da colina são seres animados, e também o rio que corre abaixo da colina, a nascente na clareira da floresta, os arbustos que crescem à sua volta, o caminho para a clareira e os camundongos, lobos e corvos que bebem ali. No mundo animista, objetos e coisas vivas não são os únicos seres animados. Há também entidades imateriais – os espíritos dos mortos, e seres benévolos e malévolos, do tipo que hoje chamamos de demônios, fadas e anjos. Os animistas acreditam que não existe barreira entre os humanos e outros seres. Eles podem se comunicar diretamente por meio da fala, da música, da dança e de cerimônias. Um caçador pode se dirigir a um rebanho de cervos e pedir que um deles se sacrifique. Se a caçada tiver sucesso, o caçador pode pedir perdão ao animal morto. Quando alguém fica doente, um xamã pode contatar o espírito que causou a doença e tentar pacificá-lo ou afugentá-lo. Se necessário, o xamã pode pedir a ajuda de outros espíritos. O que caracteriza todos esses atos de comunicação é que as entidades sendo abordadas são seres locais. Não são deuses universais, e sim um cervo em particular, uma árvore em particular, um rio em particular, um espírito em particular. Assim como não existe barreira entre os humanos e outros seres, tampouco existe uma hierarquia rígida. As entidades não humanas não existem meramente para atender às necessidades humanas. Tampouco são deuses todo-poderosos que governam o mundo a seu bel-prazer. O mundo não gira em torno dos humanos ou de qualquer grupo de seres em particular. O animismo não é uma religião específica. É um nome genérico para milhares de religiões, cultos e crenças muito diferentes. O que torna todos eles “animistas” é sua maneira de encarar o mundo e o lugar que atribuem ao homem nesse mundo. "


Sapiens, Uma Breve História da Humanidade, Israel, 2011.

Imagem de prática ritual nativa, fonte: https://pin.it/1U8aR8y




PAGANISMO SOB A ÓTICA DO CRISTIANISMO:


Assim como o Paganismo, o Cristianismo também é um fundamento religioso, porém, com diferenças significativas entre si. Esse termo foi usado para se referir à todos àqueles não comungavam das práticas cristãs, não-batizados, e assim eram vistos de maneira marginalizada.


CONSIDERAÇÕES FINAIS:


Fica entendido, que o termo Paganismo, não se refere à uma religião específica, mas podemos compreendê-lo como um Fundamento Religioso, com origens nas práticas e ritos pré-cristãos dos mais variados povos ao redor do mundo. Cada uma das religiões pagãs sofre variações em suas práticas e condutas de acordo com os costumes de seu povo e região de origem. Fica também claro, seu caráter mitológico e politeísta.

P.Pontes

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